Inflammaging: Como o Jejum Pode Travar a Inflamação Silenciosa que Acelera o Envelhecimento

O envelhecimento é inevitável, mas envelhecer com qualidade depende em grande parte de como gerimos um fenómeno pouco conhecido, mas crucial: o Inflammaging. Este termo combina “inflamação” e “envelhecimento”, descrevendo um estado persistente e subtil de inflamação crónica que ocorre naturalmente à medida que envelhecemos, mesmo sem qualquer lesão ou infeção evidente (Franceschi et al., 2018).

O inflammaging está diretamente associado ao aumento do risco de doenças crónicas como diabetes, doenças cardíacas, Alzheimer e artrite, bem como à redução da vitalidade e qualidade de vida durante o envelhecimento (Ferrucci & Fabbri, 2018). Felizmente, uma das estratégias mais eficazes e cientificamente comprovadas para travar este processo é o jejum intermitente.

O que Causa o Inflammaging?

O inflammaging não surge repentinamente; resulta da acumulação de múltiplos fatores ao longo da vida, incluindo:

  • Acumulação de células senescentes, que libertam continuamente substâncias inflamatórias (Childs et al., 2015).

  • Desequilíbrios da microbiota intestinal, que promovem inflamação sistémica (Nagpal et al., 2018).

  • Stress crónico, físico ou emocional, que mantém o corpo num estado constante de inflamação de baixo grau (Bauer & Teixeira, 2019).

  • alimentação, com excesso de açúcares, alimentos ultraprocessados e gorduras prejudiciais (Minihane et al., 2015).

  • Sedentarismo, que promove a inflamação crónica (Gleeson et al., 2011).

  • Toxinas ambientais, como poluição e tabaco, que aceleram o envelhecimento por meio do stress oxidativo (Furman et al., 2019).

Como o Jejum Pode Combater o Inflammaging?

O jejum intermitente tem mostrado resultados notáveis no combate à inflamação crónica associada ao envelhecimento. Vários mecanismos explicam como o jejum pode ser um potente aliado para prevenir ou desacelerar o inflammaging:

1. Ativação da Autofagia

Durante o jejum, o organismo ativa um mecanismo essencial chamado autofagia, através do qual remove células senescentes e danificadas. Estas células, quando acumuladas, aumentam significativamente o estado inflamatório. Ao serem eliminadas, reduzem diretamente a inflamação (Longo & Mattson, 2014).

2. Redução das Citocinas Pró-inflamatórias

O jejum regular demonstrou reduzir marcadores inflamatórios como IL-6, PCR e TNF-alfa, substâncias-chave no inflammaging (Patterson & Sears, 2017). Este efeito ajuda a diminuir a inflamação crónica e melhora o perfil imunológico do organismo.

3. Melhoria da Saúde Intestinal

O jejum intermitente tem a capacidade de restaurar e reequilibrar o microbioma intestinal, reduzindo bactérias inflamatórias e promovendo bactérias benéficas. Esta modulação do intestino diminui a inflamação local e sistémica (Catterson et al., 2018).

4. Redução do Stress Oxidativo

Ao limitar periodicamente o fornecimento constante de nutrientes—especialmente açúcares—o jejum reduz o stress oxidativo, prevenindo danos celulares e a consequente resposta inflamatória crónica (Mattson et al., 2018).

5. Equilíbrio Metabólico

Praticar jejum intermitente melhora a sensibilidade à insulina e reduz a gordura visceral, dois fatores intimamente ligados à redução da inflamação sistémica, permitindo que o organismo envelheça de maneira saudável (de Cabo & Mattson, 2019).

Como Incluir o Jejum para Travar o Inflammaging?

Para aproveitar os benefícios do jejum na prevenção do inflammaging, recomenda-se seguir regularmente um protocolo de jejum intermitente de 16 a 18 horas diárias. Durante as janelas de alimentação, optar por alimentos anti-inflamatórios como vegetais, frutas, gorduras saudáveis (azeite, abacate, peixes gordos) e proteínas de qualidade, evitando alimentos ultraprocessados e açúcares refinados.

Ao incorporar o jejum como parte integrante do estilo de vida, é possível prevenir ativamente os efeitos negativos do inflammaging, promovendo uma longevidade saudável, vitalidade e uma melhor qualidade de vida.


Referências

  • Bauer, M. E., & Teixeira, A. L. (2019). Inflammation in psychiatric disorders. Annals of the New York Academy of Sciences, 1437(1), 57–67.

  • Catterson, J. H., et al. (2018). Short-term intermittent fasting induces long-lasting gut health improvements. Aging Cell, 17(4), e12742.

  • Childs, B. G., et al. (2015). Cellular senescence in aging. Nature Medicine, 21(12), 1424–1435.

  • de Cabo, R., & Mattson, M. P. (2019). Intermittent fasting and aging. New England Journal of Medicine, 381(26), 2541–2551.

  • Ferrucci, L., & Fabbri, E. (2018). Inflammaging and frailty. Nature Reviews Cardiology, 15(9), 505–522.

  • Franceschi, C., et al. (2018). Inflammaging viewpoint. Nature Reviews Endocrinology, 14(10), 576–590.

  • Furman, D., et al. (2019). Chronic inflammation and disease. Nature Medicine, 25(12), 1822–1832.

  • Gleeson, M., et al. (2011). Exercise and inflammation. Nature Reviews Immunology, 11(9), 607–615.

  • Longo, V. D., & Mattson, M. P. (2014). Fasting and molecular mechanisms. Cell Metabolism, 19(2), 181–192.

  • Mattson, M. P., et al. (2018). Intermittent fasting and health. Ageing Research Reviews, 39, 46–58.

  • Minihane, A. M., et al. (2015). Diet and inflammation. British Journal of Nutrition, 114(7), 999–1012.

  • Nagpal, R., et al. (2018). Gut microbiome and aging. Nutrition and Healthy Aging, 4(4), 267–285.

  • Patterson, R. E., & Sears, D. D. (2017). Intermittent fasting and metabolic health. Annual Review of Nutrition, 37, 371–393.

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